O resultado disso, na avaliação de especialistas ouvidos pela Agência Brasil,
é o aumento da desconfiança do eleitor em relação aos partidos
políticos e na política como um todo. Neste cenário, estudiosos do
processo eleitoral preveem um alto índice de abstenção, crescimento do
voto nulo e o fortalecimento dos candidatos “antipartidários”.
“Há um descrédito total das pessoas nos partidos político. Pela
experiência que eu tenho, dificilmente alguém, tirando os militantes
mais identificados, vai votar pela escolha partidária. A população em
geral está desacreditada dos partidos políticos. A tendência vai ser a
opção pelo voto carismático, na pessoa, que é o voto efetivamente
pessoal”, avalia o professor de direito eleitoral da Fundação Getúlio
Vargas (FGV-RJ) Marcos Ramayana.
Escândalos
De acordo com a professora da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), cientista política e especialista em comportamento eleitoral,
Helcimara Telles, pesquisas recentes mostram que, a pouco mais de uma
semana das eleições, a maioria do eleitores, especialmente nos grandes
centros, ainda não definiu seus candidatos. Comportamento diferente do
verificado em eleições passadas.
“Em Belo Horizonte, por exemplo, a gente tem por volta de 50% dos
eleitores que não sabem em quem votar ou não querem votar porque ainda
não escolheram. O que explica esse cenário de indecisão: primeiramente,
há uma questão clássica no Brasil, que é uma baixa estruturação
programática dos partidos. Ao mesmo tempo, temos uma coisa que é
bastante conjuntural que são os escândalos midiáticos de corrupção e a
disseminação bastante negativa do que é a política e a quase
criminalização da política que recentemente tem sido oferecida ao
público, sobretudo, pela Operação Lava Jato”, disse Helcimara Telles.
Para ela, a “espetacularização” e a “criminalização” da política tem aberto caminho para candidatos outsiders,
aqueles com estilo e discursos antipartidários, que participam das
eleições sem o apoio de grandes partidos nacionais e têm como lema que
não são políticos.Há um cenário de altíssimo desinteresse na política e as pessoas, no
chavão, não querem políticos [nos postos políticos]. Querem políticos
que dizem que não são políticos. Do meu ponto de vista, tem a ver com a
percepção alterada, reenquadrada e sobrerepresentada de que hoje o
principal problema do Brasil seria a corrupção”, avalia Helcimara.
Já para a cientista política e professora da Universidade Federal de
São Carlos (UFScar) Maria do Socorro Sousa Braga, os escândalos
envolvendo políticos têm impactado diretamente na forma como a população
avalia a classe política.
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